Quando a mãe é agressora - Ivonise Motta

Ivonise Motta
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 QUANDO A MÃE É AGRESSORA:
DA RECLUSÃO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR


Ivonise Fernandes da Motta
Trabalho LAPECRI – realizado com a
colaboração dos psicólogos membros do
Núcleo de abrigos:
Denise Sanchez Careta
Iara D. Paschoallety
Vinicius Aguiar




Violência

Esse tema nos liga a uma questão bastante atual, a violência. Diversas pesquisas são realizadas em diferentes campos por psicólogos, psicanalistas, antropólogos, filósofos, entre outros; de forma a compreender este fenômeno tão complexo e multifacetado.
Uma das tentativas de compreensão do tema foi promovido pelo Departamento de Psicologia Clínica do IPUSP há alguns anos e teve como desmembramento o livro "Violência e Sofrimento de Crianças e Adolescentes na Perspectiva Winnicottiana", realizado por mim em parceria com o colega José Tolentino Rosa em 2008.

Violência e Família

A violência é um fenômeno que acompanha a humanidade desde seus primórdios, sendo inalienável aquilo que é humano. Todas as narrativas humanas tem a violência como constituinte das relações, aparecendo na família desde o início como comportamento antítese da moral vigente. Ilustrada na cena mitológica de Adão e Eva, no oferecimento dos Jardins do Éden à expulsão do Paraíso. Deus é violento ao expulsar Adão e Eva por terem cometido a ousadia de comer o fruto proibido. Da mesma maneira, a violência entre Caim e Abel marca a presença de sentimentos como crueldade, ciúmes, inveja, rivalidade, rejeição e ira homicida.

Esse fenômeno nos acompanhou por toda história. Até pouco tempo atrás, dar uma palmada nos filhos era um comportamento aceitável socialmente, hoje isso dá sinais de mudança, como indica a criação da "Lei Menino Bernardo", mais conhecida como Lei da Palmada, aprovada recentemente. Isto é, a sociedade vai se desenvolvendo e alterando suas leis – explícita e tacitamente - que ordenam o comportamento considerado adequado ou moral. Dessa forma, o distanciamento do paradigma do que é correto e adequado torna-se uma expressão de violência. Essas mudanças são retratadas na arte, na mitologia e na religião de todas as culturas.

O Ódio na Construção da Personalidade: Tapas, chutes e violetas

Um dos capítulos do livro "Violência e Sofrimento de Crianças e Adolescentes" é o relato de um primeiro atendimento na clínica escola do Instituto de Psicologia da USP(1). O capítulo mostra o atendimento de Reinaldo, uma criança adotada. Segundo o relato de Dona Germina, mãe adotiva dele, o garoto nasceu de uma mulher que trabalhava como prostituta e que não desejava seu nascimento. Nesse contexto, Germina, que já era mãe de duas filhas, resolveu adotá-lo. A estudante que o atendeu relatou algumas dificuldades no atendimento do garoto que em alguns momentos apresentou comportamentos violentos, como tapas e chutes.

Após aproximadamente 10 anos, a estudante - agora psicóloga – reencontrou o rapaz e se emocionou ao perceber que ele havia se tornado um belo rapaz. Relembrando a experiência do atendimento, disse: "Éramos tão crus" e continuou "hoje entendo o quanto aquela mulher tinha amor (a mãe adotiva), o quanto ela era generosa, o quanto me pedia para ter seu ódio. Envergonhei-me de minhas sensações da época, tão crua, tão desprovida de conhecimentos do outro e de mim mesma, tão arrogante. Cheguei ao ponto de julgar aquela mulher como uma mãe ruim".

O Ódio na "Contratransferência" (Winnicott, 1947)

Winnicott ao escrever sobre O Ódio na "Contratransferência" em 1947 afirmou que ao buscar o ódio do psicoterapeuta o paciente estaria tentando ir ao encontro de uma necessidade. Esse encontro abriria a possibilidade de resgate ou reencontro com a capacidade de amar e com boas experiências vivenciadas no início da vida.  Para esse autor, na análise de psicóticos e pessoas com personalidade antissocial, os fenômenos contratransferenciais seriam em diversos casos os mais importantes de uma análise, ou seja, o amor e ódio do analista, como reações à personalidade e aos comportamentos reais do paciente, baseados na observação objetiva (pag. 342).

Nesse trabalho, ele assinala que na análise de neuróticos o analista não tem tanta dificuldade no manejo de seu próprio ódio, que permanece latente. Porém, na análise de psicóticos, o esforço será maior para mantê-lo latente. Este controle só será possível se o analista estiver completamente consciente do próprio ódio. Em alguns casos faz-se necessário expressá-lo objetivamente ao paciente, falando sobre ele.
Essa dinâmica faz refletir sobre as relações transferenciais com crianças que tiveram o lar desfeito ou que não têm pais e que geralmente passam a vida procurando por eles inconscientemente.

Vale ressaltar a complexidade que pode significar a adoção de uma criança vinda deste contexto sócio afetivo. O que frequentemente acontece é que, depois de algum tempo, a criança adotada testa os pais adotivos de forma a verificar se neles existe um lugar confiável de maternagem. A desconfiança é uma marca em todas as pessoas que tiveram experiências de rejeição ou fratura ética (Safra, 2010). Sendo assim, a criança testa o ambiente que encontrou e busca a prova de que seus guardiães são capazes não só de amá-la, mas de odiá-la objetivamente. Nessa dinâmica, ela parece acreditar que é amada depois de ter conseguido ser odiada" (pag. 348).

Relato de Caso – Garoto de 09 anos refugiado

Nesse sentido, Winnicott relatou o caso de um menino de nove anos que ele recebeu em sua casa por três meses, na época da Segunda Guerra Mundial. Segundo as palavras do autor, ela era uma das crianças mais adoráveis e mais enlouquecedoras que possa existir, sendo com frequência completamente louca. Com o passar do tempo e o contato que se desenvolveu, o menino produziu ódio no Winnicott. A questão foi o que ele fez com isso. Ele disse: "Bati nele? A resposta é não, nunca bati. Mas teria sido necessário que o fizesse se não conhecesse completamente meu ódio e se não tivesse deixado que o menino o conhecesse também. Durante as crises, eu costumava usar minha força física para agarrá-lo, sem raiva e sem culpá-lo, pondo-o do lado de fora da porta de entrada, não importando que tempo fizesse ou a hora do dia ou da noite. Havia uma campainha especial que ele podia tocar e ele sabia que seria readmitido na casa se a tocasse e nada seria dito sobre o ocorrido. Ele usava esta campainha assim que se recuperava do ataque maníaco. O importante é que, cada vez que eu o punha para fora, eu lhe dizia alguma coisa; eu dizia que o que havia acontecido tinha feito com que eu o odiasse. Era fácil isto porque era verdade". E acrescenta "Acho que estas palavras eram importantes para o progresso do menino, mas eram importantes também, principalmente, porque permitiam que eu tolerasse a situação sem me descontrolar, sem perder a paciência e sem assassiná-lo de vez em quando". Em seguida, disse que o menino foi para um reformatório e que sua relação profunda com Winnicott e sua esposa permaneceu como uma das poucas coisas estáveis em sua vida. Ressalta ainda que dentro de toda complexidade do tema do ódio, suas raízes e seu manejo com pacientes psicóticos e antissociais: é com esse tipo de pacientes que é de grande importância lembrar que uma mãe odeia seu filho antes que seu filho a odeie e antes que o bebê tenha alguma noção sobre isso.

Amor e ódio na Maternagem

Winnicott enumera várias razões para que isso ocorra e afirma que só podemos dizer que um bebê odeia sua mãe quando está integrado, quando sente que é uma pessoa total e responsável por sentimentos.
Entre as razões para que a mãe odeie seu filho, ele descreve que:
O bebê não é sua própria concepção (mental);
O bebê não pertence às brincadeiras infantis, filho do pai, filho do irmão, etc.;
O bebê não é produzido magicamente;
O bebê representa um perigo para seu corpo durante a gravidez e durante o parto;
O bebê é uma interferência na sua vida privada, um desafio à preocupação;
Em maior ou menor medida, uma mãe sente que sua própria mãe exige um bebê, de forma que seu bebê é produzido para aplacar sua mãe;
O bebê machuca seu mamilo quando mama, que é inicialmente uma atividade mastigatória;
Ele é grosseiro, trata-a como uma pessoa qualquer, uma empregada não remunerada, uma escrava;
Ela tem que amá-lo, de qualquer forma, com excreções e tudo no início, até que ele tenha dúvidas sobre si mesmo;
Ele tenta machucá-la, morde-a periodicamente, tudo por amor;
Ele se mostra desiludido com ela;
Seu amor excitado é interesseiro e ele a joga fora como uma casca de laranja, quando consegue o que quer;
O bebê deve dominar inicialmente, deve ser protegido contra coincidências, a vida deve se desdobrar de acordo com seu ritmo e para tudo é necessário que sua mãe empreenda um estudo contínuo e detalhado. Por exemplo, ela não deve ficar ansiosa quando o segura, etc.;
No início, ele não tem ideia do que ela faz ou sacrifica por ele, especialmente não pode admitir seu ódio;
Ele suspeita de tudo, recusa sua boa comida, faz com que ela duvide de si mesma, mas come bem com a tia;
Depois de uma manhã horrível com ele, ela sai e ele sorri para um estranho que diz: não é um doce? ;
Se ela o frusta no início, sabe que ele vai tirar a desforra para sempre;
Ele a excita, mas a frustra - ela não pode comê-lo, ou ter sexo com ele; (pags. 350-351).

E acrescenta: "Uma mãe tem que ser capaz de tolerar seu ódio pelo filho sem fazer nada acerca do assunto. E não me parece que uma criança humana, a medida que se desenvolve,  seja capaz de tolerar a amplitude total de seu próprio ódio em um ambiente sentimental. Ela precisa de ódio para odiar, de amor para ser capaz de amar por meio de boas experiências vivenciadas no início da vida".

Winnicott ainda realça a importância da fusão da agressividade com o erótico para o desenvolvimento psíquico e que dessa integração e das experiências primitivas com o ódio dependem a capacidade de amar. Em "Agressão e sua relação com o desenvolvimento emocional" (1950-5), Winnicott nos diz "Em uma psicologia total, ser roubado é a mesma coisa que roubar, e igualmente agressivo. Ser fraco é algo tão agressivo quanto o ataque do forte ao fraco. Assassinato e suicídio são fundamentalmente a mesma coisa" (p . 355).

Essa ambivalência demonstrada por Winnicott encontra ressonância em Freud nos textos "Duas histórias clínicas: O pequeno Hans e o homem dos ratos" de 1909 e "A dinâmica da Transferência de 1912". Nesses textos, Freud relata o conflito psíquico que consiste em dirigir o amor e o ódio à mesma pessoa.
Desde o Caso Dora (Freud, 1905), Freud vê na intervenção da agressividade uma característica própria do tratamento analítico (Laplanche e Pontalis, 1982).

Formação e Preparo dos Profissionais

COM ESSE OLHAR TORNA-SE CLARA A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO E PREPARO DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM NESSA ÁREA

Como diz Winnicott, o conhecimento e contato com nosso próprio ódio nos possibilita colocar os limites necessários em cada situação psicoterápica. Foi sobre isso que Cristina escreveu ao nos relatar seu atendimento com Reinaldo. Suas dificuldades em lidar com o ódio dele e o seu próprio e o quanto aprendeu com isso.

Francoise Dolto em "Seminário de Psicanálise de Crianças" (1985)

Francoise Dolto em "Seminário de Psicanálise de Crianças" (1985) faz colocações interessantes sobre esse tema ao supervisionar casos de crianças, pais e famílias. – "Tendemos a ver e julgar tudo segundo nossa própria moral. A ética inconsciente de modo algum é a mesma. É uma dinâmica que pode ser uma dinâmica de amor, revestindo-se, no entanto, do aspecto de um comportamento linguístico de denegação ou de agressão. Nesse caso, o desejo é passado para um nível de rejeição. A rejeição é uma forma de amar’’(pag. 108).

Essa dinâmica citada por Dolto encontra ressonância no conceito freudiano de formação reativa (Freud, 1905) no qual o paciente tem uma atitude oposta a um desejo recalcado, criada a partir dele. Em termos econômicos, a formação reativa é um contra investimento de um elemento consciente, de força igual e direção oposta ao investimento inconsciente.

Conceitos Variantes de Pulsão de Morte

Para Dolto, a revelação da história pessoal de cada um pode trazer a possibilidade de desenvolvimento. Ela faz distinção entre pulsão de morte e pulsão de assassinato. Pulsão de assassinato, segundo a autora, tem um objeto a destruir. Pulsões de morte são pulsões de repouso do sujeito e de descanso do corpo no sono profundo.

Esse conceito de pulsão de assassinato é análogo aos conceitos de pulsão de agressão (aggressionstrieb) que aparece em Freud nos textos "Além do Princípio do Prazer" (Freud, 1920) e "Análise de uma fobia em um menino de cinco anos" (Freud, 1909) e pulsão de destruição que aparecem em Freud no texto "Ego e o Id" (Freud, 1923). Ambos os conceitos são utilizados como uma variante do conceito de pulsão de morte para designar uma pulsão de morte voltada para o mundo exterior e/ou para destruição do objeto (Laplanche e Pontalis, 1982).

Relato de Caso da Dolto

Segundo Dolto é possível trabalhar com o inconsciente profundo mesmo quando a pessoa dorme ou quando está em coma ou dopada por medicamentos. Ao falar sobre essa questão relata um caso surpreendente e que se conecta com nosso tema de hoje.

Dolto conta que um antigo paciente foi procurá-la desnorteado porque sua mulher tinha dado a luz a uma menina. Ela passava bem após o parto, mas depois de algum tempo entrou em estado convulsivo e finalmente em coma. Após 48 horas, a previsão era de que se ela voltasse do coma, teria sequelas, pelo menos uma paralização das pernas. O homem ficou invadido por um estado de ódio violento contra vida, contra sua mulher, a equipe do hospital e resolveu falar com Dolto. Disse que não ficaria do lado de uma mulher doente e que preferia matá-la. Os sogros vieram visitá-los. Foi então que o pai revelou a história do nascimento de sua filha.

Ela era a mais velha de quatro filhos, duas meninas e dois meninos. Quando nasceu, a mãe passou a detestá-la e desenvolveu uma verdadeira fobia à filha. O mesmo aconteceu com a segunda menina. O contrário ocorreu com os filhos homens, aos quais havia amado desde o primeiro dia. As duas meninas tiveram que ser criadas sem a mãe até a idade de começarem a andar. Então, Dolto disse para o homem contá-la a história sobre seu nascimento, mesmo ela estando em coma. O homem assim o fez e algumas horas depois ela voltou do coma sem sequelas. Suas primeiras palavras foram: "Quero ver minha filha". E depois, dirigindo-se a seu marido: "Não sei se sonhei ou se foi você mesmo que me contou sobre meu nascimento. De repente, compreendi que tinha sido por causa dessa história que eu achava que não tinha direito de ter essa menina. Agora escapei do coma’’ (pag. 106).

Relato de Caso da Ivonise

Quando ouvimos essa história podemos pensar que é um relato de caso, talvez um pouco romanceado. Então, eu gostaria então de citar o caso de uma colega nossa que há alguns anos viveu experiência que pode nos ensinar algo (temos sua permissão para contar essa história). Ela fez inseminação artificial e logo em seguida contraiu uma infecção generalizada. Foi hospitalizada e encaminhada à UTI. Como uma última tentativa, já que pela via medicamentosa não houve sucesso, convocaram o psicanalista da moça para vê-la na UTI, onde conversou com ela por uma hora. Semiconsciente, ela disse lembrar apenas de uma pergunta que ele fez: "Qual é a pessoa que mais gosta de você? Qual a pessoa que mais te tem amor? Ele mesmo respondeu: você mesma". Depois de algumas horas, ela começou a melhorar e se restabeleceu. Ela e o marido desistiram da inseminação e decidiram pela adoção. Depois de alguns anos da adoção, tiveram seu próprio filho. Ela engravidou naturalmente.

Segundo nossa colega, o que ela lembra é que ficou muito assustada com o médico quando ele lhe disse: "..implantamos quatro óvulos. Quantos irão crescer?" Ela ficou assustada com a possibilidade de ter vários bebês ao mesmo tempo.

Toda criança necessita ser adotada (Dolto, 1989, pag. 14)

Vale ressaltar a importância da adoção em qualquer filiação, quer se trate de pais e filhos biológicos, quer se trate de pais e filhos adotivos. Toda criança necessita ser adotada (Dolto, 1989, pag. 14). A criança humana é um ser de adoção (Dolto, 1985, pag. 63).

Uma questão fundamental nesse contexto é: quais possibilidades de trabalho psicanalítico temos em situações dessa ordem? Sabemos da importância dos primeiros anos de vida e das boas experiências vivenciadas pelo par mãe-bebê para constituição de boas bases para o psiquismo. Em situações de maus tratos, abandono, rejeição e agressão; o que poderíamos prever ou esperar de uma intervenção psicanalítica?

No primeiro caso relatado, o ódio pôde ser vivenciado na psicoterapia produzindo avanços. No segundo caso, o manejo feito pelo ambiente em torno do afastamento da mãe que detestava as filhas durante o primeiro ano de vida possibilitou a reintegração posterior das filhas à vida familiar.

"Tendência Antissocial" (1956) e ‘’A Delinquência como sinal de Esperança" (1967)

Para Winnicott, o adoecimento e a saúde devem levar em conta o ambiente. Quando fala da "Tendência Antissocial" (1956), ele defende a tese da importância do holding e do ambiente na etiologia e tratamento da Tendência Antissocial. Quando fala sobre ‘’A Delinquência como sinal de Esperança" em 1967, ele ressalta mais uma vez a presença da esperança do encontro com o amor dos pais, mesmo em situações de delinquência nas quais parece não existir mais esperança alguma.

"Os Muros de Berlim" (Winnicot , 1969)

Em "Os Muros de Berlim" escrito em 1969, Winnicott relaciona Os Muros de Berlim ao tema da Natureza Humana que é alcançar uma espécie de unidade. Relaciona o desenvolvimento do mundo ao desenvolvimento individual, ou seja, quanto mais tivermos seres individuais amadurecidos ou pessoas "inteiras", teremos uma sociedade mais amadurecida. Pensando dessa maneira, a sociedade necessariamente abarca uma porcentagem de indivíduos que não atingem a unidade e que poderiam ter ação "destrutiva" quando falamos em integração mundial. "A fronteira entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental é um muro construído pelo homem que tem que ser necessariamente feio, pois não há nenhum significado na palavra "beleza" que possa ser vinculado ao reconhecimento de que aqui, exatamente nesse ponto, é o lugar onde, se não houvesse muro, haveria guerra." (pag. 179).

Ao falar em integração, Winnicott fala em conflito e na capacidade de tolerar conflito como característica de SAÚDE. Semelhante ao Muro de Berlim, por vezes estabelecemos separação de elementos benignos e persecutórios. Dessa maneira, perseguimos a arte da paz frente a vivência de conflitos dentro ou fora de nossa realidade.

A Criança no Grupo Familiar (Winnicott, 1966)

Em seu texto "A criança no Grupo Familiar", apresentado em 1966, Winnicott nos fala da família como o lugar de várias vivências que incluem amor e ódio, conflito, lealdade e deslealdade.  O conflito é tolerado na família e sendo assim o jogo familiar é um preparo perfeito para vida.

"Se alguém eventualmente retroceder no tempo, perceberá que as deslealdades, como as denomino, são uma característica essencial do viver, e provêm do fato de que se alguém tem que ser ele mesmo, será desleal a tudo aquilo que não for ele mesmo. As mais agressivas e perigosas palavras do mundo são encontradas na afirmação EU SOU. É preciso admitir, no entanto, que só aqueles que alcançaram o estágio de fazer essa afirmação é que estão realmente qualificados para serem membros adultos da sociedade" (pag. 110).

Psicanálise no Século XXI (2006)

Em outro livro que organizei "Psicanálise no Século XXI", uma das palestras proferidas pelo psicanalista e colega Robert Rodman, que tivemos o privilégio de receber algumas vezes em nosso Departamento, escreveu sobre o atentado de 11 de setembro e alguns significados e ressonâncias do ocorrido.

11 de setembro – Perda da Ilusão do Holding

"Não é que tenhamos ingenuamente acreditado na pureza e na bondade da nossa civilização, separadamente do todo mais. As pessoas sabem que injustiça, exploração, hipocrisia e cobiça têm sido parte do crescimento desta civilização desde o início" (pag. 296) ... mas tínhamos a ilusão que se alguma ameaça de destruição houvesse, saberíamos com antecedência. Essa crença foi destruída".

Essa frase ilustra a necessidade do holding para que cada um de nós tenha condições de existir. Um ambiente de holding consiste essencialmente numa palavra: proteção. Os eventos de 11 de setembro romperam a barreira de proteção e comprometeram o ambiente de holding de uma maneira equivalente a nossa primeira percepção de que todos nós, mais cedo ou mais tarde, vamos morrer (pag. 299). Quando crianças, acreditamos que nosso pai nos protegerá da morte e que ele nunca morrerá. Apesar disso, acabamos aceitando e compreendendo - na infância mesmo - que a morte é universal.
Essa reflexão faz lembrar de Freud em "O Futuro de uma Ilusão" (1927) onde ele fala que "... a impressão terrificante de desamparo na infância despertou a necessidade de proteção - de proteção através do amor -, a qual foi proporcionada pelo pai; o reconhecimento de que esse desamparo perdura através da vida tornou necessário aferrar-se à existência de um pai, dessa vez, porém, um pai mais poderoso" (pag. 39).

"Com a destruição do World Trade Center, tivemos um vislumbre que nossa civilização pode morrer e por razões imprevisíveis. Ficamos estarrecidos ao perceber- ingênuos que somos – que o mundo está cheio de células de indivíduos - como uma colmeia - sempre planejando nos destruir" (pag. 307), mas queremos sobreviver".

"Quando perdemos o ambiente de holding, o desamparo de nossa primeira infância retorna em nossas vidas". "...somos tocados pela menina que acreditava que seu pai nunca iria morrer". ".... porque reconhecemos  nosso esforço pessoal para alcançar o domínio sobre um fato inaceitável. É uma luta que dura toda nossa vida, tornada mais aguda, pungente e aterrorizante quando vários componentes do ambiente de holding, do qual sempre dependemos, são trespassados pelo objeto que perpassa todas as camadas que circundam o planeta, entra em nosso espaço aéreo e atinge a terra".

"Nós, cidadãos desse planeta, estamos confusos, correndo para buscar um lugar seguro ao nos prepararmos para o que achamos que vem por aí" (pág 310).

O trabalho com Adoção nos coloca em contato com várias dessas questões, dentre elas nossa vulnerabilidade e desamparo. O quanto qualquer um de nós está protegido na atualidade?

Para ilustrar estas questões, relato agora o caso de uma mãe com histórico de agressão ao filho, o afastamento dela e o processo de reintegração familiar da criança. Esse caso foi atendido pela equipe que trabalha comigo em meu laboratório de pesquisa no IPUSP, o LAPECRI - Laboratório de Pesquisas em Criatividade e Desenvolvimento Psíquico.

Relato de Caso - A história de Maria e José

Maria, 24 anos, casada e com um filho de oito anos. Sem histórico de violência familiar. Engravidou de José e aos seis meses de gestação (setembro de 2003), o marido, com apenas 36 anos, faleceu abruptamente de infarto em casa diante de Maria e do filho primogênito.

Viúva, grávida e com um filho, Maria, dependente financeiramente de seu marido, enfrentando dificuldades em organizar a família, procurou abrigo com a tia materna.

José, ao nascer, ainda na maternidade, foi entregue a sua mãe que num ato repentino o jogou no chão.

Diante desta violência materna, que resultou em traumatismo craniano no bebê, o Juiz da Vara da Infância e Adolescência da região determinou que o bebê fosse entregue aos cuidados da tia materna da genitora, com a qual vivia Maria.

Questões

O QUE ACONTECEU COM MARIA QUE NÃO PÔDE ADOTAR SEU FILHO BIOLÓGICO JOSÉ? COMO ELA PÔDE ADOTAR SEU PRIMEIRO FILHO, MAS NÃO ESSE? HÁ QUESTÕES NÃO ELABORADAS NO LUTO DO MARIDO? SERÁ QUE A FIGURA DO MARIDO FOI PROJETADA IMAGINARIAMENTE NA CRIANÇA?

Aos três meses de idade José foi hospitalizado em virtude de complicações respiratórias e teve como acompanhante Maria, sua mãe, que ao levá-lo para realização de exames novamente o atirou ao chão.

A Cena se repete

O episódio se repete, assim como a questão: seria uma passagem ao ato, uma atuação ou um surto psicótico? (Freud, 1900) Afirmar que foi uma violência da mãe implicaria em afirmar uma intencionalidade neurótica a ela. Essa avaliação provavelmente interferiria no balizamento jurídico do caso.
O bebê foi atendido imediatamente pela equipe do hospital e Maria. Detida pelos seguranças do local, foi conduzida imediatamente à delegacia.

Maria foi indiciada por homicídio doloso (2) e permaneceu em reclusão por cerca de três meses, quando obteve habeas corpus (3) e pôde aguardar o julgamento em liberdade.

Aos três meses de idade, José foi acolhido em instituição, entidade de acolhimento para crianças e adolescentes, como medida de segurança e proteção.
Pelas providências legais, a Vara de Infância e da Juventude da região, especialmente a Equipe Técnica, composta por psicólogos e assistentes sociais, iniciou o processo de avaliação do caso, com possibilidade de destituição do poder familiar (4), pela reincidência das ações violentas da mãe.

Dois anos após o acolhimento da criança, sem qualquer contato com a mãe, a Vara da Infância e da Juventude determinou a autorização de visitas da mãe ao filho acolhido, com frequência quinzenal, no contexto institucional mediante avaliação e acompanhamento psicológico de Maria (5).

Contato da mãe com o filho em acolhimento

Aos dois anos, José conhece a mãe.

A instituição não dispunha de psicólogo e tampouco de psicólogos voluntários que realizassem atendimento infantil. A criança foi informada que iria conhecer a mãe pela coordenadora da entidade.

Durante as visitas, Maria evitava contatos afetivos com o filho, demonstrava dificuldades importantes em se aproximar da criança.

Durante as visitas, José frequentemente se afastava da mãe e buscava a atenção da cuidadora, como se procurasse um refúgio. O contato entre mãe e filho não apresentava comportamentos afetivos, mas um distanciamento mútuo.

No início das visitas à José, Maria morava com o filho primogênito (10 anos) e outro filho de nove meses, gerado no intervalo de dois anos do acolhimento de José. Os irmãos de José não apresentavam quaisquer traços de maus-tratos, negligência ou ainda violência. Maria manifestava bom relacionamento com estes filhos, com nítida ligação afetiva.

SENDO ASSIM, QUE SIGNIFICADO ESSE FILHO TINHA PARA MARIA QUE IMPOSSIBILITOU SUA ADOÇÃO, MESMO SE TRATANDO DE UM FILHO BIOLÓGICO?

Essa descrição produz um questionamento da possibilidade de uma mãe realizar sua função diferentemente com outros filhos. Ou seja, é possível que uma mãe seja suficientemente boa com um filho e exclua o outro. A multiplicidade deve ser encarada nas relações transferenciais entre a mãe e seus filhos.

"PREOCUPAÇÃO MATERNA PRIMÁRIA" (Winicott, 1956)

Ao tratarmos desse tema, cabe aqui discorrermos sobre o conceito de "PREOCUPAÇÃO MATERNA PRIMÁRIA" (Winicott, 1956). A mãe pode ou não vivenciar este estado que implica a capacidade de regredir e ter uma profunda identificação com o bebê. Para isso, seria necessário que a mãe estivesse profundamente envolvida com a gravidez e com o bebê. Isso não aconteceu com Maria. Não foi possível a adoção de José por Maria e a adoção de Maria por José. A filiação não pode ser estabelecida, apesar dos laços consanguíneos.

Acompanhamento Psicológico de Maria

Psicóloga Iara – Voluntária na Instituição de acolhimento

Durante os atendimentos psicológicos, Maria dizia que "jamais jogaria um filho ao chão" (sic). Demonstrava não ter clareza e memória sobre os comportamentos agressivos direcionados ao filho. Tal comentário associado ao distanciamento afetivo apresentados em diferentes momentos motivaram investigações psiquiátricas e neurológicas.

As avaliações indicaram epilepsia, estados psicóticos e depressivos. Maria foi medicada e continuou em acompanhamento psicológico.

CABE AQUI LEMBRARMOS DAS PALAVRAS DE WINNICOTT AO FALAR DO ÓDIO E SUAS RAÍZES E DO ÓDIO NOS ESTADOS PSICÓTICOS OU PRIMITIVOS. INCLUSIVE QUANDO LISTA AS RAZÕES PARA UMA MÃE ODIAR SEU FILHO

A avaliação psicológica indicou intensos estados depressivos, inclusive referentes ao pós-parto, um importante estado de luto e um distanciamento dos afetos.

VALE QUESTIONAR SE O ESTADO DEPRESSIVO DA PACIENTE SOMADO AO LUTO E O AFASTAMENTO DOS AFETOS NÃO FORMARIAM O QUADRO NOSOLÓGICO QUE DEFINIRIA A UMA MELANCOLIA

A relação do sujeito com o objeto perdido poderia responder a esta questão (Freud, 1917). A PACIENTE SE APRESENTA DISSOCIADA E O FILHO NÃO RECEBE SEU INVESTIMENTO AFETIVO.

Dessa forma, a psicóloga tentou promover um ambiente psicoterápico acolhedor, fortalecendo os vínculos entre ela e Maria e propiciando a experiência de Maria interagir se aproximando dos afetos.

Nova gravidez de Maria

Em 2008, após dois anos de acompanhamento psicológico no contexto da instituição, Maria engravidou novamente e medidas interventivas foram tomadas. Houve o acompanhamento de Maria durante a gestação, especialmente quanto a possível oscilação de humor, como a atenção a possíveis aspectos agressivos despertados; foi trabalhado o fortalecimento da relação afetiva com o filho José (nessa época com 4 anos), que ainda se apresentava distante afetivamente.

A psicóloga priorizou o período gestacional de Maria e mediadores foram incluídos no acompanhamento psicológico: produziram roupas de crochê para o bebê, tais como xale, entre outros pertences. Maria não manifestava dissociação dos afetos, encontrava-se envolvida com os atendimentos e com a chegada do bebê.

Maria foi acompanhada pela psicóloga após o parto, ainda no hospital, e não apresentou comportamentos dissociativos ou qualquer reação agressiva. Maria reagia afetivamente com o bebê, dizia que gostaria de cuidar dele.

NESSE CASO, PUDEMOS NOTAR A PRESENÇA DE INDÍCIOS DE IDENTIFICAÇÃO DA MÃE COM O BEBÊ. SABEMOS QUE A PREOCUPAÇÃO MATERNA PRIMÁRIA ANTECEDE O NASCIMENTO DA CRIANÇA. NESSE SENTIDO, A CRIANÇA QUE VAI NASCER É IMAGINADA E DESEJADA PELOS PAIS. ESSA FABULAÇÃO DE COMO SERÁ A CRIANÇA, DA FEITURA DAS ROUPAS, ESCOLHA DOS OBJETOS E DO NOME DO BEBÊ FUNDAM NÃO SÓ UM LUGAR MATERIAL NA CASA, COMO LUGARES SIMBÓLICOS E IMAGINÁRIOS ONDE MÃE E BEBÊ POSSAM HABITAR. NESSE SENTIDO, O TRABALHO ANALÍTICO REALIZADO PELA PSICÓLOGA FOI FUNDAMENTAL COMO MEDIADOR DESSE PROCESSO (Lacan, 1964; Faria, 2001)

Quando recuperada do parto, Maria visitava José e levava o bebê. José se distanciava da mãe, mas demonstrava interesse pelo bebê.

Acompanhamento Psicológico de José

Grupo Lúdico Familiar – Maria e José

Diante da dificuldade em progredir as ligações afetivas entre mãe e filho, além dos atendimentos psicológicos individuais de ambos, a dupla participou dos grupos lúdicos (6).

Por meio da facilitação da psicóloga Iara, que propunha brincadeiras entre mãe e filho, Maria, gradativamente, tornou-se mais espontânea, passou a aderir às propostas lúdicas e a incluir o filho sem tanta dificuldade. José passou a aceitar e participar dos jogos. Aos poucos, ele começou a se referir à Maria por "mãe" e, por sua vez, Maria dirigia-se a José por "filho". Esse processo levou 5 anos.

Após a evidência de aproximação afetiva entre mãe e filho, os irmãos (que não estavam acolhidos) foram incluídos no grupo lúdico, com respostas favoráveis de todos os envolvidos: mãe e os quatro filhos.

Encontros de orientação de Maria com a cuidadora de referência de José

Paralelamente aos atendimentos individuais de Maria e José e da realização semanal do grupo lúdico com a participação da mãe e dos quatro filhos, foram promovidos encontros de orientação de Maria com a cuidadora que acompanhava José desde seu acolhimento (aos três meses), com a participação da psicóloga Iara.

A cuidadora apresentava o filho para a mãe, o bebê que ele foi, as doenças contraídas, os hábitos, preferências alimentares, enfim, como era a criança que, apesar de ser seu filho, Maria desconhecia.

A partir destes encontros de orientação, Maria, durante as visitas na Instituição, assumiu os cuidados do filho: acompanhava-o no banho, com a troca de roupas, na alimentação. José já estava com sete anos (2011).

NESSE CASO, HÁ O TESTEMUNHO DE UMA MEDIAÇÃO BEM SUCEDIDA DE UMA PSICOTERAPEUTA NO SENTIDO DE PROMOVER AS CONDIÇÕES AMBIENTAIS NECESSÁRIAS PARA QUE A CRIANÇA POSSA HABITAR A CENA FAMILIAR. A NOMEAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA VAI PRODUZINDO AO LONGO DO TEMPO UMA APROPRIAÇÃO SIMBÓLICA INICIAL DESTA MÃE ACERCA DO FILHO, EXPLICITADA NO INÍCIO DOS CUIDADOS BÁSICOS COM A CRIANÇA.

CABE LEMBRAR AQUI A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE DE HOLDING PARA A CRIANÇA  E PARA A MÃE.


Julgamento de Maria na Vara Criminal

Maria foi absolvida do processo criminal por ter sido considerado que as dificuldades emocionais, psiquiátricas e neurológicas influenciaram a perda da consciência de seus atos de violência com o filho. Tanto o Júri como o Juiz consideraram tais influências. No entanto, o Juiz da Vara Criminal determinou a continuidade dos tratamentos psicológico, psiquiátrico e neurológico.

A Reintegração

Após a absolvição de Maria e a evolução no contato afetivo entre mãe e filho, como também com os irmãos, o Juiz da Vara da Infância autorizou José a visitar a família aos finais de semana.

Após quatro meses das visitas de José à família com progresso nos relacionamentos afetivos, o Juiz da Vara da Infância determinou a reintegração de José à família, no entanto, condicionada ao acompanhamento psicológico de Maria e do filho com as respectivas psicólogas, com frequência semanal e duração de no mínimo seis meses. Eles foram acompanhados por um ano.

Considerações Finais

Os casos relatados tiveram um desfecho bem sucedido, mas nem sempre é o que acontece. No entanto, mesmo em condições adversas podemos intervir e obter algum ganho. José tinha atrasos em seu desenvolvimento e muitos deles persistiram, mas ele caminhou e, concordando com Winnicott, acredito que o investimento libidinal (esperança) no atendimento desses casos fez a diferença.

Para finalizar, deixo assinalada a questão da violência de todos nós. O último capítulo do livro "Violência e Sofrimento de Crianças e Adolescentes" versa sobre a violência de todos nós e concordo com a autora Rosa Broner Worcman: "Freud nos mostrou que não somos senhores nem na nossa própria morada e desvendou quão tênue é a linha que separa criminosos dos demais mortais, despejando duros golpes em nosso narcisismo".

"Comemos do fruto proibido, sofremos a violência de sermos expulsos do paraíso da razão e tivemos contato com nossa onipotência e ignorância. E se quisermos nos aproximar do sonho de viver uma vida melhor em um mundo melhor, é necessário pensar, conhecer e conter o melhor possível daquilo que herdamos, a fim de utilizarmos o manancial de amor, bondade e solidariedade para contrabalançar a destrutividade, crueldade e violência de todos nós (pag. 231)".

Notas:

1 Na época, aluna da graduação do IPUSP que posteriormente fez Doutorado sob minha orientação.

2 O dolo é a consciência e vontade de praticar a conduta definida como crime pela lei. Assim, tem-se o homicídio doloso quando o agente deseja matar o ofendido, e direciona sua vontade para tanto. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/
3 Medida que visa proteger o direito de ir e vir. É concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Quando há apenas ameaça a direito, o Habeas corpus é preventivo. Fonte: Glossário Jurídico . Disponível em: http://www.stf.jus.br/

4 Medida em que pais perdem a guarda da criança ou do adolescente, em contrapartida os filhos são afastados do convívio familiar, por decisão judicial. Tanto o pai quanto a mãe são responsáveis pela guarda da criança ou adolescente, e estes, não cumprindo as exigências previstas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), poderão ser penalizados, perdendo a tutela de seus filhos. Disponível em: www.webartigos.com/artigos/poder-familiar/68089/

5 Inicialmente, a psicóloga que acompanhou o caso era voluntária na Instituição e, atualmente, integra a equipe de psicólogos pesquisadores colaboradores do Núcleo de Abrigos, do LAPECRI-USP.
6 O acompanhamento psicoterapêutico de famílias cujos filhos se encontram acolhidos, tanto por motivos de negligência, maus tratos, abandono e violência, tem revelado a necessidade do desenvolvimento de intervenções que auxiliem o estabelecimento de vínculos parentais através de experiências com a afetividade.  O objetivo do grupo lúdico com as famílias e seus filhos em acolhimento se refere à possibilidade de construir um ambiente adaptado e acolhedor onde, através de atividades lúdicas, as famílias possam desenvolver a capacidade de conhecer profundamente as necessidades afetivas e de cuidados dos filhos assim experimentar relações familiares afetivas. Os grupos lúdicos são realizados na Instituição de Acolhimento durante a visita aos filhos acolhidos, com a presença da família (de origem ou extensa, aquelas autorizadas pelo Juiz da Vara da Infância e da Juventude) e as crianças em acolhimento, com a presença facilitadora de um psicólogo.



Referências

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